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O surto psicótico causado pela beleza de Florença | conheça a sindrome de Florença

Atualizado: 14 de fev.

Você já se sentiu ansioso ou desnorteado ao contemplar alguma arte? Pode acontecer, e pode se tratar da Síndrome de Stendhal, também conhecida como Sindrome de Florença, ou ainda, hiperculturemia. Essa é uma doença psicossomática e psicológica, caracterizada por um profundo estado de êxtase que ocorre quando o entusiasmo do turista está em contato com as obras de grande valor artístico da cidade.


Adquira o roteiro de viagem a seguir:

sindrome de Florença fotografia

"Eu caí numa espécie de êxtase ao pensar na ideia de estar em Florença, próximo aos grandes homens cujos túmulos eu tinha visto. Absorto na contemplação da beleza sublime… Cheguei ao ponto em que uma pessoa enfrenta sensações celestiais… Tudo falava tão vividamente à minha alma… Ah, se eu tão-somente pudesse esquecer. Eu senti palpitações no coração, o que em Berlim chamam de 'nervos'. A vida foi sugada de mim. Eu caminhava com medo de cair.".

Esse é o registro do escritor francês Henri-Marie Beyle (1783-1842), cujo pseudônimo é Stendhal, dando origem a nome do surto. Esse relato, de 1817, fala sobre como ele se sentiu diante das obras da Basílica de Santa Cruz, em Florença, e está contido em seu livro Roma, Nápoles e Florença.



A origem do termo sindrome de Florença:

A síndrome de Florença só veio a ser descrita cientificamente em 1979, pela psiquiatra e psicanalista italiana Graziella Magherini, que a descreve no livro La sindrome di Stendhal: Il malessere del viaggiatore di fronte alla grandezza dell'arte. Ali, ela explica que a doença está relacionada ao valor simbólico assumido pelas emoções diante de uma grandiosa analogia em diferentes contextos e tempos. Ou seja, pode ser causada pelo impacto que os viajantes sofrem quando estão em contato com culturas bastante diferentes daquela que possuem como referência.


A importância histórica de Florença e o caráter extremamente realista presente em suas obras de arte são relatados como possíveis desencadeadores do surto.


sindrome de Florença


Segundo Eike Schmidt, o dirigente da Galleria degli Uffizi (Galeria dos Ofícios), museu mais visitado de Florença, um jovem sofreu um ataque epilético em frente à tela A Primavera, de Botticelli (1445-1510), anos atrás. Em 2018, foi registrada uma parada cardíaca de um turista, que ocorreu enquanto ele contemplava O Nascimento de Vênus, também de Sandro Botticelli, além de um desmaio de outro homem que observava a Cabeça de Medusa, de Caravaggio (1571-1610).


Embora seja mais observado em Florença, outras cidades históricas são apontadas como desencadeadoras do surto, como Paris, Jerusalém, Atenas e Roma.

Sigmund Freud já se descreveu extasiado ao visitar a Grécia. E Dostoiévski, ao visitar a Suíça.


Sendo assim, o simples fato de você se colocar em um território desconhecido, somado à sensibilidade artística, já o coloca em uma predisposição a tal reação, na qual as pessoas podem sentir:

Caso esses sintomas sejam vivenciados, é recomendado ir para hotel e descansar. Além disso, é importante respirar bem entre a contemplação de uma obra de arte e outra. A psicóloga, e professora da USP, Valéria Barbieri diz que “os sintomas costumam desaparecer entre dois e oito dias.”.


A hiperculturemia é, portanto, uma forte expressão de um desconcerto, perante o contato com uma beleza maior do que a nossa estrutura é capaz de comportar. O indivíduo deixa a zona da normalidade, levando a estados de consciência antes inexplorados. De forma positiva, o surto pode ser encarado como um processo de integração, pelo qual passa-se a conhecer outras dimensões do seu próprio ser e outras perspectivas sobre a realidade.


florença fotografia cidade por do sol
 

Fontes:


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