Potenciais e Ameaças da Inteligência Artificial na Arquitetura | Uma breve reflexão
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Potenciais e Ameaças da Inteligência Artificial na Arquitetura | Uma breve reflexão

Há muito que ouvimos a conversa de que a inteligência artificial irá nos substituir e, finalmente, parece que esse dia chegou... Ou será que não?


Estamos escrevendo este artigo como forma de reflexão do potencial que a inteligência artificial, na forma do #ChatGPT e do #Midjourney, tem a nos acrescentar como profissionais que ao mesmo tempo trabalham com arte e técnica, ambos intimamente ligados ao ponto de não haver possibilidade de separação. De forma alguma, nossa reflexão é um ponto final sobre as potencialidades ou formas de utilizar essas ferramentas, muito pelo contrário. Vamos começar aqui uma boa conversa sobre tudo isso a partir de agora.


Focaremos principalmente no Midjourney, pois ele é o que tem maior potencialidade de interferir no nosso trabalho, seja de forma positiva, seja de forma negativa, por ser uma ferramenta mais visual. Então, para começar, o que é esse bicho chamado Midjourney, do qual todo mundo está falando?


Antes de continuar sua leitura, saiba que publicamos este conteúdo também em formato de vídeo:



O que é Midjourney?


O Midjourney é, de certa forma, o sonho de muitos clientes. Ele funciona através do #Discord, um programa de conversa com foco em gamers. Nele, o usuário cria uma conta, adiciona o boot (robô) do modjourney ao servidor privado e, então, passa a conversar com esse robô, fazendo pedidos de coisas que deseja ver.


Por exemplo, desejamos vê-lo criar um desenho de uma casa rosa nas montanhas. Escrevemos isso na conversa, enviamos a mensagem e, então, aguardamos até ele gerar 4 miniaturas de "casa rosa nas montanhas", em questão de alguns segundos. O Midjourney faz isso com base em sua rede neural, que usa um banco de dados gigantesco para saber o que seria cada uma das palavras que usamos na mensagem e mesclá-las em uma imagem que ele julga que você irá aprovar.


Você pode estar se perguntando: "Mas, para buscar imagens, já não temos o #Pinterest?"


O Pinterest depende que alguém já tenha pensado e criado uma imagem com as características que você procura. Esse alguém deve fazer o upload e nomear as imagens com termos que a sua pesquisa contenha, para que você consiga encontrar o que deseja. Tudo isso em um universo de bilhões de imagens.


O Midjourmey é diferente, pois ele cria uma imagem completamente do zero para você, única, como nenhuma outra, a partir das suas ideias, mesmo que sejam originais a ponto de ninguém nunca ter desenhado ou pensado nisso antes.


Em segundos, sem absolutamente nenhum conhecimento de #renderização, #fotorrealismo, nem mesmo conhecimento simples sobre perspectivas, o Midjourney gera uma imagem original e com todas as ideias que tínhamos. É claro que, para isso, devemos saber como nos comunicar com o robô.


Simplesmente incrível! Mas, afinal, os arquitetos serão substituídos pela #inteligênciaartificial?



A inteligência artificial é uma ameaça para os arquitetos?


Para nós, a resposta é: sim e não.


O Midjourney ainda não consegue criar imagens que, de fato, sirvam para alguma coisa na prática do mundo construtivo da arquitetura. Tudo o que ele faz, até o momento, são ilustrações muito bonitas. Mas essas ilustrações não vêm com detalhamentos e não têm qualquer pretensão técnica de ser executável.


Pedir uma casa rosa nas montanhas gerará um pôster fantástico, mas está longe de gerar um projeto de arquitetura, se é que isso é possível. Falando nisso, uma das coisas "preocupantes" para nós é o potencial que o Midjourney possui de começar a criar plantas de acordo com o que você quer e entregar um desenho realmente bom para ser executado, assim como hoje existem os projetos prontos que encontramos na internet. Mas já adiantamos que o Midjourney não consegue, nem de perto, gerar uma planta baixa minimamente utilizável. Experimentamos, de várias formas, pedir plantas baixas para o programa (ambientes padrão, 2 quartos com banheiro, cozinha, sala de jantar, sala de tv e garagem para 2 carros).

De fato, o que o Midjourney gera (como vocês podem ver nas imagens) são apenas uma ilustração de algo que lembra muito uma planta humanizada perspectivada que encontramos no Pinterest. Mas, se olharmos mais de perto, veremos que ele gera ambientes fechados sem absolutamente nenhuma função, quartos do tamanho de banheiros e garagens no centro da casa. Ou seja, ele até tenta, mas o máximo que conseguem são ilustrações sem significado prático.


E aqui vai um grande aviso: o Midjourney, assim como todas as inteligências artificiais geradoras de imagens, não são um jeito de renderizar uma imagem de um projeto. É virtualmente impossível descrever com tantos detalhes um ambiente ou fachada para o programa, a ponto de ele copiar algo muito complexo.


Voltando ao cerne da questão: para os arquitetos que trabalham com projetos simples ou a preços módicos "apenas para criar uma plantinha", ele ainda não representa nenhum risco imediato. Mas, esse dia pode chegar em breve. Para esses arquitetos, no máximo, os clientes poderão chegar com uma imagem lindíssima dizendo "já temos as fachadas, só precisamos colocar as coisas dentro da casa.". Boa sorte aos envolvidos…


Por outro lado, para os arquitetos que trabalham com projetos realmente personalizados e que criam cada casa com aquele cliente (pensando no seu estilo de vida, rotina, gostos, necessidades, desejos e medos), a inteligência artificial pode ser uma aliada, se usada com sabedoria.



Como utilizamos o Midjourney no nosso escritório?


As possibilidades de utilização do Midjourney e da Inteligência Artificial são muitas, dependendo do processo de projeto que cada escritório usa. Mas aqui vão algumas dicas:


1) Imagens de referência:


Por exemplo: podemos juntar, de forma conceitual, o que o cliente disse que gostaria para a sala dele e gerar imagens de referência muito mais atraentes do que aquelas que ele poderia encontrar no Pinterest.


Talvez desse jeito, já conseguiremos extrair dos clientes o que eles realmente não querem. Ao ver uma imagem, que custa pouquíssimo tempo para ser gerada, pode ser que eles desistam de alguma coisa. Do contrário, nós temos que passar horas e horas pensando, projetando e renderizando uma imagem, para só então o cliente descobrir que não gosta de tal ideia.


Ou essa técnica pode nos dar mais certeza de que nós conseguimos captar as ideias dos clientes e de que estamos no caminho certo.


Inclusive, já fizemos um teste com um casal de clientes mais próximos, e o resultado foi surpreendente: Quando criamos a imagem no Midjourney, achávamos que eles escolheriam uma sala mais limpa e com ares mais monumentais. Mas, quando apresentamos as imagens a esses clientes, eles foram para o lado oposto, escolhendo uma imagem de sala com mais aconchego e com a natureza mais próxima. Isso levou o projeto para um novo rumo, ligeiramente diferente do original.



2) Moodboards:


Usando a mesma técnica acima, poderíamos substituir um longo tempo gerando #moodboards por imagens mais palpáveis para os clientes. Isso pode ser fantástico para quem pretende criar espaços rapidamente, como em consultorias, parar mostrar ao cliente de forma muito rápida o que se pretende fazer naquele espaço. E o melhor de tudo, economizando muito tempo.


Essa possibilidade tem que ser usada com extrema responsabilidade, para não fazermos com que os clientes fiquem bitolados em ideias completamente fora do exequível, fora do orçamento ou que não correspondem às possibilidades reais do espaço, etc.


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3) Brainstorming no processo criativo:


Internamente, sem apresentação para o cliente, podemos utilizar as prerrogativas do projeto para gerar imagens de referência que não conseguiríamos encontrar de nenhuma forma na internet.


Imaginem só que legal ter uma ideia original e poder testá-la de forma muito mais rápida na forma de imagens!


Por exemplo: uma sala com madeira ripada, com um sofá renascentista verde, com um candelabro de cristal e com teto alto. Jamais arriscaríamos combinar esses conceitos diretamente dentro do projeto. Precisaríamos de uma validação visual para adquirirmos confiança o suficiente para propormos tal ambiente. E a inteligência artificial nos proporciona isso.



4) Teste de confirmação no processo criativo:


Fiz outro teste, como forma de confirmar um ambiente que eu estava imaginando.

comecei pedindo a seguinte descrição: "sala de jantar redonda com 6 metros de diâmetro, com mesa de madeira redonda, teto abobadado, minimalista branco, janelas verticais estreitas, candelabro no centro, buffet". E foi isso que ele retornou:


Essa é a descrição do que imaginávamos para esse ambiente. E o Midjourney retornou essas 4 imagens:


Muito legal, né? De quanto tempo precisaríamos, sentados em frente ao computador, apenas para tornar essa ideia materializada, para recebermos apenas um “sim ou não”.



A inteligência artificial substitui a imaginação dos arquitetos?


Aqui está um ponto muito importante para refletirmos: de nada adianta termos acesso a uma ferramenta que transforma pensamentos em imagens, se os nossos pensamentos são limitados por falta de estudos sobre o que você está projetando, falta de vivência de lugares, falta de sensibilidade estética ou falta de referências de sensações que desejamos transmitir com nossos projetos, ou por falta de imaginação mesmo.


É inegável o gigantesco potencial que o Midjourney tem de ser um meio de converter novas ideias em imagens que podem ser compartilhadas com outras pessoas. De forma alguma , o Midjourney substitui os croquis iniciais, mas com certeza ele serve para fazer testagens.


Temos utilizado o Midjourney como um outro arquiteto dentro do processo criativo do escritório, com o qual trocamos ideias de coisas a se fazer e ele nos oferece um rascunho, uma ilustração. É importante entender que ele não está interessado em criar coisas fidedignas. O Midjourney gera 4 imagens que têm um grande potencial de abrir nossa mente, de mostrar ideias muito diferentes para as pessoas para quem estamos projetando, de permitir que tenhamos um processo criativo ainda mais imersivo e dinâmico.


E, para concluir, notamos que hoje não basta apenas sermos bons arquitetos tecnicamente falando. Cada vez mais, os clientes estão em busca de projetos realmente únicos. Usar a inteligência artificial para nos ajudar a criar espaços pode ser um dos maiores pontos de inflexão do mercado de arquitetura dos últimos anos.


Pode ser que nem mesmo a revolução causada pelo BIM seja tão profunda quanto a que a inteligência artificial é capaz de causar no nosso mercado nos próximos anos. Afinal, ainda temos a maior parte dos escritórios trabalhando sem o BIM e entregando produtos satisfatórios.


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E você? O que você acha sobre a inteligência artificial para a arquitetura?

Para você, de que formas podemos explorá-la? Como será que o mercado de arquitetura irá se ajustar a essas novas ferramentas que estão surgindo?


Aguardamos você nos comentários!

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