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21 de abr de 20194 min

Abril azul: como otimizar espaços para crianças autistas | arquitetura sensorial para autismo

Atualizado: fev 13

O TEA (Transtorno do Espectro Autista) é uma série de condições desafiadoras em relação às habilidades sociais, englobando comportamento e comunicação. O termo “espectro” é devido à ampla variação em relação a cada pessoa que apresenta TEA e o tipo de influência e intensidade enfrentados.

O autismo, sendo parte desse espectro, é caracterizado pela dificuldade da comunicação e interação social. A intervenção precoce é de grande importância na melhora dessas habilidades, através do acompanhamento com um psicólogo.

Psicoterapia, fonoaudiologia, psicopedagogia, terapia ocupacional, atividade física e musicoterapia, são atividades bastante recomendadas.

Uma questão ainda pouco discutida é a forma com que pequenos autistas podem lidar melhor com o ambiente em si, de forma a melhorar suas experiências e oferecer a eles um maior bem-estar.

O autismo pode ser entendido como uma alteração de percepção entre o indivíduo e o ambiente que o cerca, limitando, muitas vezes, o seu conhecimento do mundo. Há uma confusão na recepção de informações e dos sentidos.

Assim, para os autistas, o mundo externo passa a ser repleto de ruídos, fortes odores e caos visual. Todos esses fatores causam insegurança e instabilidade.

"Suspeito que os pesquisadores simplesmente não entendem a urgência do problema.

Eles não conseguem imaginar um mundo onde roupas que pinicam o fazem sentir-se pegando fogo,

ou onde uma sirene soa como se alguém estivesse perfurando meu crânio com uma furadeira...

como socializar pessoas que não toleram o ambiente onde devem se mostrar sociáveis?".

(GRANDIN, 2016, p. 80).

Os sentidos ficam super ativos, fazendo com que o autista capte tudo, sem mesmo conseguir identificar qual deles se sobressai no momento.

Assim, juntamente com os pais, também é papel dos planejadores de espaços — sejam eles arquitetos ou designers de interiores — cooperar para a inclusão dessas crianças no ambiente. Por isso, trouxemos aqui nossa breve contribuição para arquitetura sensorial para autismo.


Também selecionamos esse ebook, para quem deseja se capacitar no apoio a pessoas com Autismo, garantindo-lhes oportunidades de crescimento.

Confira aqui:

DESENVOLVENDO INDEPENDÊNCIA E AUTONOMIA EM PESSOAS COM AUTISMO


Esperamos, com as dicas abaixo, contribuir com ideias de como montar espaços adequados para autistas.

1. Luzes e cores

Forte incidência solar é um fator incômodo.

Para solucioná-la, podem ser usados elementos de barreira, como: persianas, pergolados e brises, deixando a luz mais difusa. Esse é um aspecto muito relevante em termos de design de interiores para autismo.

Luz artificial em demasia também incomoda, principalmente se for a luz branca.

Recomenda-se um iluminação de temperatura mais suave.

O ideal é que os pontos de luz possam ser controlados.

Por isso, pode ser interessante usar essas soluções:

• Vários spots fracos ;

• Iluminação indireta, como as feitas com fitas de LED;

• Dimerizadores

Lembramos que cores são intensidades luminosas. Por isso, deve haver cautela na aplicação desses estímulos visuais, devendo ser evitadas cores de alta intensidade.

2. Formas e texturas

Formas primárias da geometria, como círculos, retângulos e triângulos são uma espécie de elo universal que liga a consciência humana ao mundo externo, sendo elas facilmente reconhecidas pelas crianças.

• Por esse motivo, o uso de enfeites deve ser moderado. Nada de estímulos complexos na decoração, com desenhos que a criança não absorve com facilidade.

• A preferência é por poucos tipos de materiais e mobiliários de formas simples.

3. Sons

O cuidado com os sons abrange desde o uso do piso até o uso do trilho das janelas e portas.

• Vale citar: pisos acústicos, janelas acústicas e telhas acústicas.

• O uso do forro é indispensável.

• Atenção à vedação das portas e janelas.

4. Olfato

• Plantas, sobretudo em ambientes internos e jardins de inverno, devem possuir aroma suave ou imperceptível.

• Vale citar o cuidado com materiais que exigem manutenção constante com cheiros fortes, como o do verniz.

5. Setorização

Os ambientes propícios para os autistas são aqueles setorizados por estímulo sensorial e não genericamente por atividade.

Por exemplo: a mesa onde são feitas as refeições (paladar) fica em um setor e a de fazer as tarefas (visão) fica em outro. Outra solução é criar modos de transição entre um estímulo e outro.

6. O Refúgio

Uma dica de grande valor, principalmente para o quarto sensorial para autismo, é: criar um miniambiente aconchegante no qual a criança possa fugir dos estímulos sensoriais.

É uma espécie de nicho ou cabana minimalista:

• formas simples

• um material só

• cores neutras

• barreira visual

• barreira acústica

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7. Equilíbrio

Ao adotar uma abordagem de minimização de provocações sensoriais, é preciso trabalhar com um limite de variação de estímulos ao mesmo tempo em que se diminui sua intensidade.

O acompanhamento profissional multidisciplinar auxilia os pais a perceberem os limites de cada criança, para que não sintam insegurança através do excesso e nem isolamento através de sua falta.


Palavras finais

Nossos corpos e movimentos interagem com o ambiente interruptamente. Mundo e indivíduo se definem e se redefinem a todo instante.

Além disso, a existência trata-se de uma experiência onde espaço e corpo não podem ser separados, moldando e remodelando a identidade humana.

Nesse sentido, compreender o autismo é um desafio que coloca essa relação em discussão:

Que barreiras dividem o autista do espaço? Que limites envolvem a tolerância do autista aos estímulos sensoriais? Até onde esses estímulos são maléficos e até onde eles auxiliam no desenvolvimento social?

É preciso fazer as pazes entre o indivíduo e o espaço.


Fontes:

GRANDIN, Temple; PANEK, Richard. O cérebro autista: pensando através do espectro. Rio de Janeiro: Record 2016.

https://www.vittude.com/blog/transtorno-do-espectro-autista-ou-autismo/

http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/designproceedings/16ergodesign/0141.pdf

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